NÃO SEI DE MIM
Vem saber quem sou
Sem ver quem eu sou.
Porque é que a luz vem para me ouvir?
Porque é que a luz vem-me ouvir?
Sem dor
sem saber o fim
eu vou,
porque eu não sei de mim.
So, em vão sem tecer
eu escuto a luz deste ser.
Quando o tempo corre sem me ouvir
és tu que o para em mim
Sem dor,
eu ignoro o fim.
Eu cesso a história que me fez assim.
Eu não sei de mim
SONHA
Dorme, sonha para sempre.
Perde-te no tempo e veleja para lá da realidade.
A fantasia deixou-me e levou-te consigo
pois tamanha pureza não cabe neste mundo
tímido da verdade que em ti se escondia.
Entre a verdade e a mentira
que fazem de mim quem eu sou
está a saudade de um tempo
em que era tudo o que queria ser,
tinha tudo o que queria ter
e sorria por aquilo que tinha medo de perder.
Hoje choro por aquilo que temo nunca vir a merecer
e tento-me encontrar no vazio que deixaste;
Pergunto-me se algum dia estarei pronto para te deixar dormir
e para sempre sonhar
para lá do tempo que a vida me dá para te voltar a encontrar.
Coração que vive nunca bate por nada
mas hoje ele bate sozinho -
Bate por nós dois -
Até que a fantasia que me abandonou me deixe velejar
ao sabor da verdade que deixaste escondida
num mundo que se esqueceu de sonhar.
Dorme, sonha para sempre -
Que eu viverei para te encontrar.
JÁ NINGUÉM LÊ POESIA
Já ninguém lê poesia -
Já ninguém se perde no romance da vida -
em histórias de encantar
como aquelas que crescemos a adorar.
Já ninguém dança à chuva -
Já ninguém se ama com tamanha loucura.
Palavras que salvo do meu sufoco,
pois todos temos as nossas batalhas.
Todos temos uma história,
e todas as grandes histórias
merecem ser romantizadas.
ESPELHO
Quem és tu
senão uma imagem assombrada?
A minha imagem assombrada.
Quem sou eu
senão aquele que te procura?
Senão aquele que te chama
quando a luz em mim fica escura.
Quem sou eu
senão o teu espelho.
Vazio e incolor
que pintas quando a minha vida não tem cor.
Quem és tu
senão o tormento ditado por aqueles que respiram
e a angústia daqueles que suspiram.
Quem és tu senão uma imagem assombrada -
A minha imagem assombrada.
Olha-me,
a ti te entrego o livro que desenhaste para mim.
Renego o arquiteto que foste
e como pintor que sou espalho a minha maldição -
A minha cor.
Pinto-te de verde - para que vejas
Pinto-te de vermelho - para que sintas
Preencho-te de vida para que não mintas.
Quem és tu,
senão eu.
SOMBRA
Sombra, diz-me:
Quem sou eu?
Senão tu,
mas feio.
Quem sou eu, senão tu
mascarado e preso.
Camuflado e pintado -
Feio.
Mostra-me
o que tento não ver.
A amargura que me mente
e o sonho que trago comigo e tanto me mente.
Dizem que és o meu espelho - o meu reflexo.
Tu és o eu que nunca será meu -
a verdade que me persegue.
Quem sou eu
senão tu.
Mas feio.
VERDADE
Somos livres.
Vivemos de uma liberdade
guiada por um estereótipo de verdade.
Diz-me o quão livre és
e eu dir-te-ei o quão preso sou.
Pois esta prisão de que te falo
a minha liberdade lá me colocou.
Lindo, lindo, lindo! “ Diz-me o quão livre és
e eu dir-te-ei o quão preso sou.
Pois esta prisão de que te falo
a minha liberdade lá me colocou.” A parte que mais me tocou, identifiquei-me. 💓
Do ponto de vista da sonoridade e da construção poética, o texto mais conseguido, para mim, é “ESPELHO” onde o EU e o TU ora se fundem, ora se dissociam. Continua a publicar, para podermos viajar contigo no mundo das palavras.
3 respostas para “VOL . 1”
Escreves muito bem, de uma forma clara, deixas-nos entrar nos teus pensamentos e sentimentos. Obrigada
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Lindo, lindo, lindo! “ Diz-me o quão livre és
e eu dir-te-ei o quão preso sou.
Pois esta prisão de que te falo
a minha liberdade lá me colocou.” A parte que mais me tocou, identifiquei-me. 💓
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Do ponto de vista da sonoridade e da construção poética, o texto mais conseguido, para mim, é “ESPELHO” onde o EU e o TU ora se fundem, ora se dissociam. Continua a publicar, para podermos viajar contigo no mundo das palavras.
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